SP: metalúrgicas preenchem 80% das vagas para pessoas com deficiência
De acordo com a Pesquisa sobre Presença de Trabalhadores com Deficiência
no Setor Metalúrgico de Osasco e Região, divulgada nesta quarta-feira, das 952
vagas legais previstas pela Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência nas
empresas do setor instaladas na região, 784 estavam ocupadas em 2012, o que
corresponde a 82,4%.
A pesquisa foi apresentada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e
Região, que abrange 12 cidades. De acordo com os números da sondagem, as 104
metalúrgicas da base do sindicato somam 29.732 trabalhadores. No ano passado,
índice do cumprimento de cotas chegou a 77,4%.
Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Carlos Aparício
Clemente, em alguns setores o número de contratação já superou o número de
vagas legais previstas na lei, que varia de acordo com o número de
funcionários. No setor automotivo são 308 vagas legais e 332 contratados, e no
setor de fundição, foram contratados 24 funcionários, enquanto a lei previa que
fossem 14.
A garantia das vagas beneficia pessoas como Rosanei Pascoal, 46 anos,
operadora de máquinas, que trabalha na área de engrenagens automotivas há sete
anos. Antes, trabalhou em um hospital e no comércio, mas contou que sempre foi
difícil conseguir emprego, porque as empresas costumeiramente davam alguma
desculpa para não contratá-la.
“Eu tenho escoliose e me vejo como uma profissional. Mas eu sentia,
quando as pessoas me negavam a vaga, como uma pessoa incapaz de atingir o
objetivo da empresa. E isso não é verdade, porque nós somos tão capazes quanto outros,
porque deficiência não é doença”.
Também operador de máquina, Evanilson Viera de Souza, de 46 anos,
trabalha há 13 anos na mesma empresa. Essa não foi a primeira vez em que
trabalhou lá. Antes, passou cinco anos nessa metalúrgica, mas saiu para desempenhar
a mesma função em uma empresa menor, onde sofreu um acidente e perdeu o braço
esquerdo.
“Depois de dois anos afastado, a empresa onde eu já havia trabalhado me
chamou de volta. Comecei como ajudante, até chegar à mesma função que
desempenhava, no torno mecânico. Trabalho com uma prótese e consegui me adaptar
às máquinas”, contou.
Assim como Evanilson e Rosanei, muitos trabalhadores estão conseguindo
colocação ou recolocação no mercado de trabalho. De acordo com o Artigo 93 da
Lei de Cotas, como é conhecida a Lei 8.213, toda empresa com 100 ou mais
funcionários deve destinar entre 2% e 5% dos postos de trabalho a pessoas com
deficiência, segundo escala crescente, proporcional ao número de funcionários.
O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Carlos Aparício
Clemente, disse que é apenas uma desculpa para não contratar, o preconceito de
que pessoas com deficiência não têm qualificação. “O nível de escolaridade das
pessoas com deficiência ou sem é semelhante no País. Em São Paulo, segundo o IBGE,
temos três pessoas com ensino médio ou superior completo para cada analfabeto.
A quantidade é muito maior do que cabe na Lei de Cotas”.
Clemente reforçou que muitas empresas do País inteiro não se importam
com o cumprimento da lei e “pagam para ver”, o que também acontecia em Osasco,
até que as primeiras multas começaram a acontecer, há dez anos. “Nesse período,
nós construímos conhecimento para alavancar a inclusão. A qualificação falta
para todo mundo. Qualquer pessoa que vai começar em qualquer trabalho precisa
ser qualificada, aprender aquele novo trabalho. Ninguém vai para um novo
trabalho e consegue fazer tudo imediatamente”.
Agência Brasil
Regiane Ruivo Maturo
Responsabilidade Social
Sesi
(41) 3271-9237
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